Já comentei aqui uma vez sobre um conhecido que defende com unhas e dentes a teoria de que quando a criança completa um ano, aquele casamento está acabado. Segundo ele, alguns casais conseguem superar e reverter a situação, mas o fato é que aos doze meses depois do parto já não há ali um marido e uma mulher. Acho um certo exagero, mas vamos combinar que não está de todo errado, não. Como muitas de nós, Angelina Jolie, que já adotou três e pariu uma, que já ouviu Brad Pitt reclamar publicamente que ela só tem tempo para as crianças e que teria passado uma temporada desinteressada de sexo, ou ela própria já se lamentou das exigências do marido, enfim, como muitas de nós, ela deve saber que se filhos não destroem casamentos também estão longe de salvá-los.
Você, cara leitora, que tem filhos, e você, caro leitor, que também é pai, me digam se não é verdade:
Que durante a licença-maternidade a mãe tem vontade de matar o sujeito com quem fez filho pelo menos duas vezes por semana, seja porque ele não ajuda em nada ou porque ajuda tanto que vira um intrometido.
Que queremos matar o marido simplesmente porque nossos nervos estão à flor da pele e matar o bebê está fora de cogitação.
Que a gente, em algum momento, e por períodos de duração variável, só quer saber da criança e eles, com razão, se ressentem disso.
Que crianças em casa significam avós em casa com mais freqüência, e sogro e sogra nunca foram reconhecidos por estimularem matrimônios.
Que o sexo passa por todo um processo de, digamos, readaptação, seja pela impossibilidade de praticá-lo quando se quer ou por pura falta de vontade, o que gera estresse em ambos os casos.
Que pais perdem, entre outros, o direito de assistir ao jogo do time deles com a TV nas alturas e que passam um ano sem poder gritar 'gol' dentro de casa.
Que mães passam vários anos sem, entre outros tantos, o direito de tomar banhos demorados e de sair de casa sem ter que acabar de se arrumar no elevador.
Que o casal vai passar muitos anos discutindo sobre a melhor maneira de educar a criança e de quem é a culpa quando algo dá errado.
São só alguns exemplos e, se alguém me provar que há algo de romântico e afrodisíaco nisso e que não há remédio melhor para relacionamentos em crise, tudo bem, vamos apoiar Angelina Jolie e quem mais quiser se valer desse recurso. Até porque, qualquer uma que fosse casada com Brad Pitt ia mais é querer tentar fazer dezenas de filhos com ele mesmo. Não sendo o nosso caso, acho melhor acreditar que, em assunto de marido e mulher, bebê nenhum mete a colher.
sábado, março 01, 2008
Arquivo do Jornal O Dia Coluna Salto alto
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