segunda-feira, setembro 21, 2009

Segunda-feira, 31 de Agosto de 2009

Ciúmes do irmão

Aprender a conviver e a compartilhar é uma das coisas mais importantes na vida e também das mais difíceis. Para confirmar essa assertiva, basta olharmos à nossa volta e verificarmos a dificuldade cada vez maior que as pessoas tem de conviver umas com as outras, fora ou dentro do ambiente familiar. Sem dúvida, uma das causas dessa dificuldade pode ser a inabilidade em lidar com o ciúme e com a rivalidade entre irmãos.

O grande segredo para se prevenir, diminuir ou controlar o ciúme do irmão mais velho causado pelo nascimento de um novo filho consiste em prepará-lo para receber o novo integrante da família e torná-lo co-responsável pela saúde e segurança do bebê, desde o início da gestação, fazendo-o sentir-se como um segundo pai, ou segunda mãe, se for menina. Ele deverá ser informado dos cuidados permanentes com o bebê, da amamentação periódica, do choro frequente, da necessidade de acariciá-lo, de trocar suas fraldas, da exigência de maior disponibilidade de tempo e atenção dos pais e, por último, o mais importante, da importância de sua ajuda para tomar conta do bebê. Aliás, seria muito recomendável que o filho mais velho visitasse sua mãe e seu irmãozinho na maternidade. Certamente, ele ficaria satisfeitíssimo em ver sua mãe contente e alegre, e seria uma oportunidade para conhecer seu irmãozinho.

Para que o irmão mais velho se sinta importante, devemos atribuir-lhe algumas tarefas ligadas aos cuidados com o bebê, com complexidade de acordo com sua idade, tais como apanhar fraldas, ajudar a trocá-las, escolher as roupinhas, ajudar a vesti-las, colocar os sapatinhos, pegar no colo, acariciá-lo, ajudar no banho, conversar com o bebê, ajudar a empurrar o carrinho, participar dos passeios etc. Agradeça e elogie a cooperação recebida. Evite mandá-lo para a casa dos avós ou de parentes logo após a chegada do bebê; isso poderá dar a impressão de que está sendo substituído.

Mude o menos possível sua rotina, principalmente se for filho único. Se seu quarto for destinado ao bebê, faça a mudança bem antes do nascimento. Se pretender enviá-lo para a escolinha ou creche, não deixe para fazê-lo logo após o nascimento. Quanto mais for apegado aos pais, mais ele se sentirá traído, enganado. Existe necessidade de um tempo para que a criança, por si só, chegue à conclusão de que continua ocupando um lugar no coração dos pais. Durante esse tempo, dobre a atenção e o carinho a ela dedicados, principalmente nos primeiros dias após a chegada do bebê.

Ao entrar em casa, em vez de perguntar "Como vai o nenê?", dê um abração no filho(a) mais velho(a) e diga: "Como vai o meu garotão?" ou "Como vai minha querida princesa?". Se for visitar os netinhos, a vovó não deve perguntar ao mais velho: "Juquinha, onde está sua irmãzinha? A vovó trouxe um lindo presente para ela". Se o Juquinha tentar agredir o bebê, proteja-o da agressão, demonstre claramente que você não permitirá que o pequenino seja machucado, mas abrace o Juquinha e diga que você o ama. Como ele não gosta do bebê porque teme perder o seu amor, a pior coisa que a mãe pode dizer é: "Se repetir isso, nunca mais vou gostar de você!".



Extraído do livro "Seu filho no dia-a-dia -
Dicas de um pediatra experiente"
, do
Dr. Antonio Marcio Junqueira Lisbôa.


Reprodução autorizada pela Ed. Record.