segunda-feira, setembro 10, 2007

Para quem já teve e para quem tem um pai

O carteiro estendeu o telegrama. Carlos Alberto não agradeceu e enquanto abria o envelope, uma profunda ruga sulcou-lhe a testa. Uma expressão mais de surpresa do que de dor tomou-lhe conta do rosto. Palavras breves e incisas: - Seu pai faleceu. Enterro 18horas.Sua mãe.

Carlos Alberto continuou parado, olhando para o vazio. Nenhuma lágrima lhe veio aos olhos. Nenhum aperto no coração. Nada! Era como se houvesse morrido um estranho. Por que nada sentia pela morte do velho. Com um turbilhão de pensamentos confundido-o, avisou a esposa, tomou o ônibus e se foi, vencendo os silenciosos quilômetros de estrada enquanto a cabeça girava a mil.

No íntimo, não queria ir ao funeral e, se estava indo era apenas para que a mãe não ficasse mais amargurada. Ela sabia que pai e filho não se davam bem. A coisa havia chegado ao final no dia em que, depois de mais uma chuva de acusações, Carlos Alberto havia feito as malas e partido prometendo nunca mais botar os pés naquela casa.

Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo Natal, Ano Novo ou Páscoa... Ele havia se desligado da família não pensava no pai e a última coisa na vida que desejava na vida era ser parecido com ele.

No velório, poucas pessoas. A mãe está pálida, gelada, chorosa. Quando reviu o filho, as lágrimas correram silenciosas, foi um abraço de desesperado silêncio. Depois, ele viu o corpo sereno envolto por um lençol de rosas vermelho - como as que o pai gostava de cultivar. Carlos Alberto não verteu uma única lágrima, o coração não pedia. Era como estar diante de um desconhecido um estranho, um ...

O funeral: o sabiá cantando, o sol se pondo. Ele ficou em casa com a mãe até a noite, beijou-a e prometeu que voltaria trazendo netos e esposa para conhecê-la. Agora, ele poderia voltar à casa, porque aquele que não o amava, não estava mais lá para dar-lhe conselhos ácidos nem para criticá-lo.

Na hora da despedida a mãe colocou-lhe algo pequeno e retangular na mão. - "Há mais tempo você poderia ter recebido isto" - disse. "Mas, infelizmente só depois que ele se foi eu encontrei entre os guardados mais importantes."

Foi um gesto mecânico que, minutos depois de começar a viagem, meteu a mão no bolso e sentiu o presente. O foco mortiço da luz do bagageiro revelou uma pequena caderneta de capa vermelha. Abriu-a curioso. Páginas amareladas. Na primeira, no alto, reconheceu a caligrafia firme do pai:

"Nasceu hoje o Carlos Alberto. Quase quatro quilos! O meu primeiro filho, um garotão!". "Estou orgulhoso de ser o pai daquele que será a minha continuação na Terra!".

À medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca do estomago, mistura de dor e perplexidade, pois as imagens do passado ressurgiram firmes e atrevidas como se acabassem de acontecer!

"Hoje, meu filho foi para escola. Está um homenzinho! Quando eu vi ele de uniforme, fiquei emocionado e desejei-lhe um futuro cheio de sabedoria. A vida dele será diferente da minha, que não pude estudar por ter sido obrigado a ajudar meu pai. Mas para meu filho desejo o melhor. Não permitirei que a vida o castigue".

Outra página - "Carlos Alberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele merece, porque é estudioso e esforçado. Fiz um empréstimo que espero pagar com horas extras".

Carlos Alberto mordeu os lábios. Lembrava-se da sua intolerância, das brigas feitas para ganhar a sonhada bicicleta. Se todos os amigos ricos tinham uma, por que ele também não poderia ter a sua? E quando, no dia do aniversário, a havia recebido, tinha corrido aos braços da mãe sem sequer olhar para o pai. Ora, o "velho" vivia mal-humorado, queixando-se do cansaço, tinha os olhos sempre vermelhos...  e Carlos Alberto detestava aqueles olhos injetados sem jamais haver suspeitado que eram de trabalhar até a meia-noite para pagar a bicicleta.

"Hoje fui obrigado a levantar a mão contra meu filho! Preferia que ela tivesse sido cortada, mas fui preciso tentar chamá-lo á razão, Carlos Alberto anda em más companhias, tem vergonha da pobreza dos pais e, se não disciplinar amanhã será um marginal." "É duro para um pai castigar um filho e bem sei que ele poderá me odiar por isso; entretanto, devo educá-lo para seu próprio bem. Foi assim que aprendi a ser um homem honrado e esse é o único modo que sei de ensiná-lo".

Carlos Alberto fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma bebedeira, tinha ido para a cadeia e naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para impedi-lo de ir ao baile com os amigos.

Lembrava-se apenas do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha batido contra uma árvore ... Parecia ouvir sinos, o choro da cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam lugubremente para o cemitério.

As páginas se sucediam com ora curtas, ora longas anotações, cheias das respostas que revelam o quanto, em silêncio e amargura, o pai o havia amado. O "velho" escrevia de madrugada. Momento da solidão, num grito de silêncio, porque era desse jeito que ele era, ninguém o havia ensinado a chorar e a dividir suas dores, o mundo esperava que fosse
durão para que não o julgassem nem fraco e nem covarde.

E, no entanto, agora Carlos Alberto estava tendo a prova que, debaixo daquela fachada de fortaleza havia um coração tão terno e cheio de amor.

A ultima pagina. Aquela do dia em que ele havia partido: "Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? Por que sou considerado culpado, se nada fiz, senão tentar transformá-lo em um homem de bem?"

"Meu Deus, não permita que esta injustiça me atormente para sempre. Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sabido ser o pai que ele merecia ter."

Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a idéia de que o pai tinha morrido pouco tempo depois. Carlos Alberto fechou depressa a caderneta, o peito doía. O coração parecia haver crescido tanto, que lutava para escapar pela boca.

Nem viu o ônibus entrar na rodoviária, levantou aflito e saiu quase correndo porque precisava de ar puro para respirara aurora rompia no céu e mais um dia começava.

"Honre seu pai para que os dias de sua velhice sejam tranqüilos!" - certa vez ele tinha ouvido essa frase e jamais havia refletido o na profundidade que ela continha. Em sua egocêntrica cegueira de adolescente, jamais havia parado para pensar em verdades mais profundas.

Para ele, os pais eram descartáveis e sem valor como as embalagens que são atiradas ao lixo. Afinal, naqueles dias de pouca reflexão tudo era juventude, saúde, beleza, musica, cor, alegria, despreocupação e vaidade.

Não era ele um semideus? Agora, porém, o tempo o havia envelhecido, fatigado e também o tornado pai, aquele falso herói.

De repente, no jogo da vida, ele era o pai e seus filhos os contestadores. Como não havia pensado nisso antes? Certamente por não ter tempo, pois andava muito ocupado com os negócios, a luta pela sobrevivência, a sede de passar fins de semana longe da cidade grande, a vontade de mergulhar no silêncio sem precisar dialogar com os filhos.

Ele jamais tivera a idéia de comprar uma cadernetinha de capa vermelha para anotar uma frase sobre seus herdeiros; jamais lhe havia passado pela cabeça escrever que tinha orgulho daqueles que continuarão o seu nome. Justamente ele, que se considerava o mais completo pai da Terra!

Uma onda de vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de humildade. Quis gritar, erguer procurando agarrar o velho para sacudi-lo e abraçá-lo, mas encontrou apenas o vazio.

Havia uma raquítica rosa vermelha num galho no jardim de uma casa, o sol acabava de nascer. Então, Carlos Alberto acariciou as pétalas e lembrou-se da mãozona do pai podando, adubando e cuidando com amor. Por que nunca tinha percebido tudo aquilo antes?

Uma lágrima brotou como o orvalho, e erguendo os olhos para o céu dourado, de repente, sorriu e desabafou-se numa confissão aliviadora: - "Se Deus me mandasse escolher, eu juro que não queria ter tido outro pai que não fosse você velho! Obrigado por tanto amor, e me perdoe por ter sido tão cego."

Autor desconhecido

"Contam que na carpintaria houve uma vez uma assembléia.

Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.

Um martelo exerceu a presidência, mas, os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.

A causa ?

Fazia demasiado barulho; e além do mais, passava todo o tempo golpeando.

O martelo aceitou sua culpa, mas, pediu que também fosse expulso o parafuso dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.

Diante do ataque, o parafuso concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.

A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.

Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.

Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.

Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão.

Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:

- Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas, o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes.

A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato.

Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade.

Sentiram a alegria pela oportunidade de trabalharem juntos.

Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.

É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.

Mas, encontrar qualidades...   Isto é para os sábios!!!!!"

 

Autor desconhecido

"Eu não estou sozinha,

Deus mora em mim.

E sua sabedoria infinita

me traz a solução

através de caminhos

que não posso compreender.

Eu fico em paz

e a sabedoria infinita

age de acordo."

 

Salmo 91

O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.

Pois é ele que te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.

Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas estarás seguro: a sua verdade é escudo.

Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia.

Nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

Caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita; tu não serás atingido.

Somente com teus olhos comtemplarás, e verás o castigo dos ímpios. Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada.

Nenhum mal te sucederá, nenhuma praga chegará a tua tenda.

Porque aos seus anjos dará ordens ao teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos.

Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra, pisarás o leão e o réptil, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente.

Porque a mim se apegou com amor e eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo,porque conhece o meu nome.

Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei, e o glorificarei.

Saciá-lo-ei com longevidade, e lhe mostrarei a minha salvação.

Tenha tempo para o que é importante,

para aquilo que faz você mais feliz -

Tenha tempo para estar com aqueles que você ama.

Tenha tempo para olhar em volta

e ver toda a felicidade que o mundo pode oferecer...

 

Tudo isso é seu,

se você apenas tiver tempo.

 

Seja Feliz !